Thursday, May 17, 2007











Dentro em breve a vista da minha janela vai deixar de me pertencer. Passaram anos e as estações mudaram muitas vezes. A minha árvore foi renascendo e adormecendo, vi nela o vigor da Primavera e a tristeza melancólica do Outono.

A porta, em frente à qual esperei incansavelmente e cheia de esperança vai fechar. Os objectos vão deixar de estar no seu rodopio habitual e não vão ter hipótese de serem adoptados.

E eu, vou partir, fechar a porta e ir para o mundo, para um espaço que não fui eu que criei. Levo comigo as desilusões e os fracassos e deixo o trabalho inútil, as horas passadas a construir o sonho que morreu.

Encontrei-me e perdi-me muitas vezes aqui, e é perdida que parto, desalentada, sem chão.

Começou com o erro da honestidade, pensava que havia, mas era inexistente, começou também com inexperiência e a corrida do adquiri-la não foi suficiente, depois pela procura desenfreada de soluções, as portas na cara, as que se abriram…Esta vai fechar, mas o passado mais inglório vai-me acompanhar.

Saio partida por dentro e mutilada por fora, a fé à medida que desapareceu consumiu o meu corpo.

Tenho objectivos, vou fazendo por isso, mas a angústia é grande, o medo de cair já não é tão inocente como o que sente o bebé que começa a caminhar e que, ao cair, se levanta com a mesma determinação de sempre. Repito constantemente para o ser que habita na minha cabeça: estás mais forte agora, sabes mais, já sabes… Mas ele está encolhido a um canto, com medo de errar mais uma vez, de nunca ser capaz de voltar a tentar andar, de desiludir quem o apoiou e de ter perdido a garra.

Já tive vários sonhos que eram rapidamente substituídos por outros, mas este eu agarrei-o, embalei-o, alimentei-o e dediquei-lhe a vida e o pensamento. Não foi só uma coisa para mim, fui eu. Agora, com a derrocada tenho que me reinventar e não estou a ser capaz.

8 Comments:

Blogger Varanda said...

e se fosse dar um passeio a qualquer parte? sentar num banquinho e ficar a olhar para as árvores em qualquer lado.
não te vou dizer que isso passa, mas podes pensar noutra coisa que relaxe.


Beijo

8:17 AM  
Anonymous Anonymous said...

:(
:(
:(
:(
:(
Era agora que devia dizer qualquer coisa, não era?
Talvez por te conhecer tão bem não consiga...
Tudo o que te pudesse dizer ia soar àquele telefonema em que tu, nervosíssima, me tentavas convencer que estava tudo bem e que a mulher havia de aparecer (no passado dia 21, recordas-te?).
Ora bolas.

11:59 AM  
Blogger ... said...

as palavras que vÊm do espirito são as mais fáceis de brotar, mas mais dificeis de digerir.
Não, não me conheces, mas eu conheço esse sentimento atroz.
Não é que possa fazer muito, mas era só para deixar aqui uma palavra:
Força aí para te levantares

3:46 PM  
Blogger Masturbatrix said...

É um bonito texto...oh enBirgonhada...com uma forte dose de melancolia... como se fosses perder um Eden...


mas vais ter outra arvore, uma de folhas novinhas...
Mereces felicidade.

:)

5:44 PM  
Blogger Mónica said...

gostei do texto
o passado não é inglorio nem em vão, é passado é aprendizagem, o que importa é o presente, é sempre um presente ;-)

10:23 PM  
Blogger Mónica said...

a imagem é quente muito bonita

10:24 PM  
Blogger Unknown said...

This comment has been removed by the author.

5:08 AM  
Blogger Unknown said...

Isso não é ao pé do NL ?

5:10 AM  

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