falta-de-sobrancelhas-chocolate-susto-medo-falta-de-sobrancelhas

Era uma vez uma menina (eu), parecida com a branca de neve, só que um bocadinho mais morena (cum catancho, tenho sangue transmontano), que fazia furor na vizinhança. A menina era piquena mas tinha aprendido a falar cedo e a dizer as palavras complicadas muiiito bem (a minha mãe dizia que eu devia ser parente de um leitor de cassetes). Uma das suas vizinhas (talvez a responsável de eu não gostar de doces) tinha a mania de andar a trás da pobrezinha a acenar com uns chocolates e a dizer: Andaa cááá meu amor, dá-me um beijinho, eu dou-te um chocolate!!! Vem conversar comigo.! Ui, chocolate!- Pensava a menina, ui ca bom - e lá tentava vencer o medo de enfrentar a senhora sem expressões faciais. A D. Maria bem tentava disfarçar, mas anos de mau trato capilar às suas sobrancelhas fizeram com que ela tivesse que recorrer ao lápis dos olhos para desenhar uma tosca expressão de espanto, às vezes mesmo, mesmo, mesmo muito assustadora. Um dia a D. Maria não se lembrou de pintar uma das sobrancelhas e a menina desatou aos berros e tal qual um cãozinho pavloviano começou a associar falta-de-sobrancelhas-chocolate-susto-medo-falta-de-sobrancelhas. Hoje, já crescida, sabe que a falta de sobrancelhas se deve a uma doença chamada Tricotilomania e ao mau gosto/falta de espelhos em casa.


(a figura acima é um dos casos, a senhora abusou e depois teve que arranjar uma solução, há casos piores, concerteza, sim, sim. Mesmo assim: AHHHHHHHHHHHHHHHH)