Maria está sentada na cozinha e olha para o relógio da parede com olhar ausente. Puxa um cigarro que lhe arranha a garganta enquanto pensa alto que os hábitos se entranham.

-A loiça não se lava sozinha.

Diz Maria, enquanto se imagina a pousar o cigarro no cinzeiro, a arregaçar as mangas, a abrir a torneira, a espremer a esponja entre os dedos da mão esquerda enquanto a outra, segura e despeja detergente da loiça. Divertida, vê os pratos lavados a amontoarem-se no escorredor, os copos, os talheres. A vassoura varre energicamente o chão e a esfregona segue com rapidez a área já varrida, lavando tudo e deixando um belo cheiro a lixívia.

Acende outro cigarro e olha para o relógio da cozinha.