Wednesday, June 01, 2011

Sobre uma gaja que tinha um talento um tanto ou quanto esquisito

Cantar não é tarefa fácil. Principalmente para quem, não tem, portanto, voz… ou melhor, para quem era, melhor, talvez, como dizer, não a ter; ou talvez, dado o incómodo que é não poder falar para, por exemplo, pedir um copo de água e se tem muita sede e se está por exemplo no deserto e se tem a sorte de encontrar um café aberto, poderíamos talvez dizer, sem rodeios (que são coisas muito chatas e enjoativas (porque nos fartamos de dar voltas e voltas sem fim)), quando podíamos dizer apenas: dizer-em-linha-recta que era melhor ou que devia ser proibido ou obrigatório (até porque a forma de dizer depende do teu estilo de liderança, ou seja, podes ser do tipo de sugerir, negar ou de mandar: Vai por ali! Ao qual acrescentas, com muita facilidade: JÁ!) neste caso particular e específico: Não cantes nunca mais! Que já não há dinheiro para pagar canalizadores e a ladrilhadores, e espelhos e chuveiros e porque a Companhia das Águas estranha que na conta da tua casa o contador ande para trás, quando cantas (baixinho) no duche. Nesse caso específico, como era o caso, que foi antes de ser o que vou contar, porque casos há muitos, principalmente do tipo em que o marido engana a mulher, ainda que este caso não tenha nada a ver com este tipo de casos, em que eu, o narrador já me envolvi, e ia sendo apanhado… Mas este outro em que fui de facto apanhado ou melhor deparei-me ou revelou-se-me esta estranha situação. Foi assim: estava sentado num bar, não em cima do bar como é óbvio, mas penso que convém esclarecer, porque às vezes o literal… Ora bem, no bar havia mesas e cadeiras, se bem me lembro doze, quadro filas de quatro com quatro cadeiras cada, um ambiente normal, pessoas bem vestidas, outras nem tanto e o número de bêbados suficientes para termos a certeza que não nos enganámos no sitio. Estava eu sentado à espera do concerto anunciado quando ouço uma voz sublime a vir da boca de uma mulher, que por acaso estava no palco e que tinha um microfone e estava rodeada de pessoas com instrumentos – Deve ser a cantora. Intui sabiamente. Nessa altura percebi que um cobertor gigante caiu sobre os instrumentos e sobre os ruídos que sempre existem num, digamos, bar. Um cobertor gigante e felpudo cobria tudo, as minhas pernas também, menos a cantora e a voz que se elevava e batia no tecto, de tal forma a leveza da sua voz era leve. Foi dez minutos depois das onze que nasceu o fenómeno e 24 horas depois começaram a construir edifícios. Pode parecer precipitado, mas de facto, os arquitectos de fato fizeram filas à porta dos ministérios com projectos que pensavam ser os ideais para comportar tal grandioso fenómeno. Numa fila ao lado, estavam os estudiosos da voz, da faringe, laringe e das cordas vocais. Noutra fila, estava um ginecologista, era muito gordo, por isso é que os bombeiros acharam por bem criar um corredor só para ele. Não me posso esquecer da fila dos psiquiatras, da fila dos alfarrabistas e da dos filolatras, que basicamente é a fila das pessoas que não podem ver uma fila sem se enfileirarem logo. Foi para essa que eu fui. Estavam lá as televisões todas, toda a comunicação social e a comunicação anti-social também. Depois disto, choveram convites que nossa diva apanhava com um chapéu invertido, gentilmente oferecido por um inventor e fã, que agora que me lembro acho que também inventou aquele gel de banho, que tem uma cascata e uma menina a tomar banho. Mas penso que é o que acontece quando alguém revela um dote invulgar, eu tenho um também, que apesar de ser mais vulgar, não se compara com a ordinarice da minha vizinha que… Só posso dizer que envolve cotonetes… Eu cacarejo! Imito muito bem um galo a dominar o galinheiro. Não sou daquele tipo de imitador que tem que explicar o que imitou e às vezes chego a pensar que eu é que estou a ser imitado. Houve quem falasse de pactos com o demónio e a Igreja levantou bem os cajados para estar preparada para se defender de algum ataque aéreo. Mas talvez seja melhor explicar, porque pela vossa cara percebo que estão confusos, abismados, aparvalhados, não tenho culpa que não sejam pessoas informadas, pensava que já tinham ouvido falar de jornais e de feijoada à moda do Porto, mas não! Obrigam-me a contar tudo outra vez, a vossa sorte é que eu até gosto da atenção, da vossa, da das Finanças nem por isso. Imaginem, um ser humano perfeccionista, um ser humano com uma vontade de madeira! UPS, desculpem, um ser humano com uma vontade de FERRO! Um pacto com a Virgem Maria e o Coelhinho da Páscoa! Tudo metido na Bimbi a uma temperatura de 180 graus e tcharám! Ficamos com a mulher com a voz mais bem colocada do planeta! Uma voz inaudível, sim ouviram bem, uma voz inaudível no sítio onde é libertada, mas maravilhosamente colocada 324 metros acima. E esta, hein?!

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