Botões

Estou furiosa e raivosa. Acho melhor, hoje, não morder ninguém. Não quero um processo criminal em cima e ter que pagar a conta do hospital.
Não tenho a certeza se está tudo a acabar ou a começar. Fico sempre na dúvida em períodos de transição. Só tenho certeza de uma coisa: dão muito trabalho. O que me apetecia era descansar, mas o descanso é inconciliável com o descanso. Por isso arrasto, literalmente, a minha peida escanzelada de um lado para o outro e lá se vai fazendo alguma coisa. Agora que está tudo a terminar por aqui, com a excepção das contas que nascem como urtigas, vou ter que arranjar um novo ninho ou vários, algo me diz que a nível de trabalho vou ficar uma badalhoca duma poligámica. Sei lá, sei lá, sei lá... Ainda bem que a Margarida Rebelo Pinto inventou a junção destas duas palavras, senão nos períodos de indecisão do que se há-de escrever ficavam uns espaços vazios marados. O que importa é produzir! Produzir lixo, uma ideia, uma preocupação, um barulho irritante, só para se estar ocupada, ou então estar constantemente a produzir pensamentos de que não se está a fazer nada para se conseguir descansar.
Para os meus botões: Botões, onde vou descarregar a fúria hoje?
Botões para mim: Vai beber uns copos!
Eu para os meus botões: Boa ideia! Tenho que os consultar mais vezes.
Botões para mim: Não leves o carro! Ou já te esqueceste?
Eu para os meus botões: Não se preocupem, já aprendi a lição dos 500 €