Thursday, November 27, 2008

Sala de espera

A realidade, na realidade, é a mistura confusa de visões periféricas, mau hálito, experiências de estilo, boatos e salas de espera.

O presente está na sala de espera.
-Sala de espera ou sala de expectativa ou compartimento de espera.

Era suposto ter ficado nesta divisão 15 semanas, mas já passaram 32 ou mais!
Ainda cá estou?

O tempo na sala de espera é impreciso.
-O silêncio deve ser mantido, quando na dependência interna da sala, a fim de evitar altercações.

Se nem mesmo o tempo sabe (o tempo perguntou ao tempo quanto tempo...), se o relógio está (parece-me) avariado:
Quanto tempo passou?

A cadeira ao pé da janela está livre. Mas no assento ao lado...
-A realidade, realmente, sabe como fazer de uma história simples uma baralhada.

Talvez haja algum tempo para descansar, em vez de esperar, em vez de... conjecturar.
Porque é que nunca fruo do... tempo... da espera, em vez disso: frio na barriga, tremores nas mãos, diarreia (de antecipação).
As salas de espera têm casa de banho?

Bicha: outro nome. Cognome de espera (na horizontal). Aguardar a vez de expulsar o passado e guardar espaço para o futuro.
-Não há fado neste espaço condicionado.

Onde é que eu encaixo, em que puzzle estarei a fazer falta...
Não há nenhum jogo, no mundo real, que tenha um buraco do meu tamanho.
Será que procurei o suficiente?

Posso esperar: por um avião, pelo autocarro, por notícias de um ente ou por um recém defunto, por uma pizza, por um lugar na mesa de um restaurante, na fila do oceanário, na fila do MoMA, pelo meu primo, pela minha irmã, pela minha nota no exame de História Contemporânea de Portugal, pelo resultado de uma análise ao sangue de uma doença sexualmente transmissível, para fazer xixi, para coçar o nariz quando tenho as mãos ocupadas, mas

- não me peçam para esperar para entrar na sala de espera.

1 Comments:

Blogger Varanda said...

... em forma

1:17 PM  

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