Friday, November 16, 2007

Peço demasiadas vezes descupa: desculpe, não o queria fazer sofrer, desculpe, estou a demorar muito tempo, desculpe se me está a ver a chorar, desculpe, não sei se deveria estar aqui, desculpe....
Passo a vida nisto, parece que pago uma taxa por respirar, mas vai melhorar, gradualmente hei-de pedir cada vez menos desculpas. Não fiz mal a ninguém, não quero mal a ninguém mesmo a quem me magoou ou me magoa, posso dizer que sou boa pessoa. Acho eu.
estou em constante figa, mas desta vez vou-me ficar, arrependo-me de ter tido alguma vez vontade de fugir... de mim. Coimbra acolheu-me, não brinco quando digo isto, acolheu-me mesmo as ruas que percorro e já percorri e percorro, por entre nevoeiro e baldios não me amedrontam, sinto-me sempre segura. Agora que mais ninguem tem a responder a não ser eu perante bancos, finanças, amores, guerras, injustiças estou à vontade para dizer: vivo de novo, vou ser feliz, não regresso nem viajo, fico-me por aqui, esta cidade vai-me amar tanto como eu a amo a ela.

Wednesday, November 07, 2007

Despedi-me hoje.

Errado, errado, errado.
Fazemos sempre escolhas erradas, no entanto, aprendemos sempre alguma coisa: aprendi que sou livre, aprendi que não posso ser subjugada. A minha alma é um pássaro selvagem, quando enclausurada mirra, perco a grandeza, que é minha e não peço confirmações. Sei-o tão bem como Alexandre O' Neil sabe os teus seios de cor.
Um conselho para todos: toda a gente é grande, toda a gente vale muito, toda a gente tem valor. Nunca mostrem as fraquezas. Foi esse o meu erro, foi essa a minha falta, o meu calcanhar de Aquiles, mostrar as minhas carências. Apesar do bom fundo que ainda acho que cada individuo tem, há sempre alguma coisa que se sobrepõem e o poder, ui, o poder, é uma força versus vontade indescritível. Quando sabem os nossos pontos fracos, seja falta de dinheiro ou uma cabeça cheia de confusões ,o que acontece é que se aproveitam isso, aproveitam, abusam e voltam a aproveitar. Se eu fosse uma gaja com uma ninhada de putos em vez de dois gatos, aguentava que me minassem a confiança. Mas não sou, ponto.
A minha viagem na empresa que mina os preços e lubrídia os clientes com descontos (os preços são aumentados e depois... faz um g'anda desconto) terminou. Não admito ser insultada. Admito TENHO DIFICULDADE COM HORÁRIOS, mas a verdade é que me custa chegar a horas e SAIR a horas.
Há três noites trabalhei até ás 7 da manhã, entrei nesse dia ao trabalho às 10. Foram muitas horas. Ganhei o projecto, resultado: cobram-me dez minutos de atraso. Ok. Ou sou dedicada ou sou pontual ao pentelho. Não sou pontual mas sou dedicada ao pentelho, resultado: despeço-me.
Tenho muitas dívidas, tenho noites mal dormidas, tenho vontade, impulso. Mas não onde estou, não com déspotas a minarem a minha dita cuja confiança.
Vou-me embora, deixar tudo, que é nada, com a excepção da minha irmã e voar, vou voar.

Hoje estou mal, amanhã estarei bem.

Nasci para vogar contra a corrente, nunca me tinha apercebido, mas sou uma REBELDE, com todas as letras em maiúsculas. Curiosamente a pessoa que eu achava que me conhecia pior, na tenra idade dos quinze anos disse-me: Tu és estupidamente independente e, realmente, sou. Posso dar com o focinho na parede, invariavelmente, repetidamente, mas a mim ninguém me castra. Posso passar fome, mas não deixo que me tirem a única coisa que tenho, dignidade.
Vou lavar escadas, muito bem. Vou carregar caixas para um armazem. Vou servir bebidas no tasco da tua rua. Não VOU ser maltratada, não tenho estomago para ser maltratada por um patrão. Ponto final.

Ponto final.


Ponto.

Fim.
Ponto final.


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Thursday, November 01, 2007

Os cães são uns espertinhos

A lua está partida ao meio. Com a neblina a beijar a alta, a cidade dos mortos vivos parece ainda mais adormecida. Vejo-a, abomino-a com o abdómen. Já senti isto antes, quando as ruas do Porto começaram a ficar cheias de espinhos e lanças a sair dos muros, quando tinha que, ao sair de casa, cortar silvas e galhos e escapar a tarântulas, vizinhos e escorpiões.
O único espaço onde se pode respirar agora é no metro e vinte por metro e noventa de colchão encostado à janela, no piso mais alto da construção imponente onde habito. Tudo o que está para além disso é selva, com elefantes e hipopótamos de três metros, homens de fato, mulheres de traje, velhos de cajado, carros com tubos de escape a lançar chamas, crianças sardentas, "local shops para local people" por todo o lado, por todo o lado, porra.
Não há sinal de humano, toda a gente perfeita, toda a gente segura, determinada, com ambições, até os cães sabem exactamente onde cagar.
Gostava de poder dizer que fui eu que parti a lua, não fui. Podia ser uma metáfora linda: - Parti a lua, tirei-lhe um bocadinho, para saber ao que sabe ver as coisas de outra perspectiva. Cobri-me com pozinhos de perlim-pim-pim e fui ter com o Peter Pan recuperar a infância perdida e com o príncipe William viver bons momentos adolescentes no dorso de um cavalo ou de um iate.
"No Bairro do Amor a vida é um carrocel", é pá, e dizia também Jorge Palma: reduz as necessidades, se queres passar bem. Sinceramente não sei porque me veio a gaita desta canção à cabeça, mas não saiu de lá o dia todo.
E com esta me despeço, vou bater a portas alheias com um saco de serapilheira na cabeça com dois buracos nos olhos e dizer: Bom dia, fala a Marta.

Boa Noite