Devia haver sítios de abraços gratuitos, era uma boa maneira de baixar as taxas de suicídio e de tristeza. Hoje ia lá, claro que posso ir a uma discoteca sobrelotada por volta das quatro da manhã e ter um gajo já bebido a qualquer saltar-me à espinha. Mas não, hoje só queria um abraço, alguém que ficasse comigo uns minutos, a abraçar-me (desde que não cheirasse mal). Estou num dia complicado, é sexta-feira à noite e o meu telefone não tocou. Vivi tanto tempo para o trabalho e para o amor que me separei de toda a gente. Ainda bem que (o telefone tocou e já tenho emprego e um muito fixe, ieééé) já falta pouco para voltar ao activo, vou poder voltar a obcecar-me.
Ainda bem que não desisti do blog, neste momento estou-me a sentir tão estupidamente sozinha que se não fosse o sobre-o-nada, não sei como me aguentaria.
Como já não tenho objectores de consciência relativamente ao blog, hoje vou ser mesmo pessoal. Estive a ver a minha lista telefónica, o substituto da agenda preta dos solteiros e apercebi-me que ou ligo ao homem que me trata do pladur nas obras, aos electricistas, fornecedores ou cliente ou… a minha lista telefónica é uma pobreza. Obviamente que ajudou terem-me roubado o telemóvel há dois anos, mas obriga-me a aceitar que ultimamente não tenho feito muito mais do que desesperar com a minha empresa, com dinheiro, com o que vou comer e nos tempos em que estava com o meu namorado tentava disfarçar que não estava a pensar nisso. E é isso. Sou uma pessoa triste acompanhada de cigarros, livros e vinho tinto.
Hoje precisava de um abraço. Liguei a duas amigas do tempo da faculdade, estavam as duas em casa com o namorado e com pouca vontade de sair, não insisti, não faz o meu género. Gostava de celebrar o meu novo emprego, o F. ligou-me, disse aos meus pais, às minhas amigas espalhadas pelo país, mas ninguém pode estar aqui. É bem feita Maria, é o que digo a mim própria.
Este ano foi terrível, foi definitivamente o pior ano da minha vida, por todas as razões e por todos os motivos que fazem parte das vidas. Ainda não terminou, não sei se hei-de chamar má sorte, más decisões, má conjuntura, má qualquer coisa. Obviamente, se eu fosse outra pessoa teria reagido de outra maneira, mas a verdade é que não sou, eu sou eu e pronto. Posso tentar fingir, finjo muitas vezes, mas sinceramente e dado o último ano, apetecia-me que se desse um apagão e acordar só na altura da bonança.
Tomei decisões muito difíceis, tinham que ser tomadas, mas que custaram. Agora não sei, está tudo aberto e sei que estamos sempre a tempo de fazer tudo, mas vivo sempre tudo com uma intensidade particular e apesar de ter 26 anos por vezes sinto que tenho no mínimo o dobro. Fiz muita coisa mal que comprometeu seriamente o meu futuro hipotético. Só para sobreviver preciso de uma máquina de dinheiro e eu não sei…
Sofri vários golpes no dito cujo coração, que tentei emendar com pensos rápidos, mas que cederam, claro está, sou uma miúda tradicional, quase, pois… os meus amigos tiveram problemas, a minha família teve problemas, eu tenho problemas… Posso comparar com os terramotos e …. Mas sabemos, o nosso é sempre nosso.
Já agora, um recado para a Mo: não lavei os lençóis, é para criar anti-corpos!!! NBS, salada não é comida de homem, se pedisses tomates de porco eu ainda os ia buscar!
E pronto, desabafei. Se tiverem lido tudo, são os meus heróis.
Beijos