Monday, April 30, 2007

Lengalenga

O céu está ensarilhado, quem o ensarilharia, aquele que o ensarilhou, grande ensarilha dor seria.

Cárie

Estou farta de ser razoável. Farta da mediocridade que se alojou nos meus ossos como cárie.

Eu envelheço, todos os dias, sem excepção. As rugas de expressão que estão no meu rosto não foram marcadas pelo sorriso, mas pela angústia. Que se foda isto, que se foda a puta de vida que escolhi. Foi para isto que me levantei hoje? E ontem levantei-me porquê? Para quê? Para ver acumular a frustração de ser só isto? Tenho esta miséria de espírito adormecido, alheio ao mundo, que dá voltas sobre o pó e as cinzas do que me tornei num eterno retorno ao vazio, o mesmo vazio de sempre…

Se me pudesse representar num palco fazia-me metáfora de excremento, de uma merda qualquer regida por leis monstruosas. De que preciso mais? Sou livre, porra. Fiz tudo para ser livre e agora a liberdade amarra-me. Que será de mim amanhã? Que será de mim daqui a cinco minutos se o meu corpo decidir descansar e vergar ao cansaço que me assola? Morro? É isso? Para quê? Ou será imaginação e estou só a dormir?

Estou a ser fatalista. É um facto. Mas tenho que me exceder para voltar à razão, preciso de me confessar com exagero para obter uma absolvição maior do que o pecado que cometi. Sinto-me um nada, um grande nada, e esta é a verdade

Vocês não sabem o meu nome. De todos os nomes que podia ter, escolheram-me o mais fraco, o que se deixa arrastar pelas mais débeis influências e eu vesti-o. Mascarei-me com o meu nome. Talvez se o mudar, alguma coisa maravilhosa aconteça.

Saturday, April 28, 2007

Carlos

Vejo-o passar todos os dias pela minha casa, todos os dias à mesma hora. Deve viver num apartamento nas traseiras do meu. Tem um olhar vazio, uma cara sem expressão, um andar mecânico. Tresanda a abandono, parece que alguém se esqueceu dele e com isso ele também se esqueceu que existia. Invejo-o. Primeiro, porque me tem a mim, faço-o ser pessoa, invento-lhe um sorriso, uma história, uma profissão e afago-lhe os cabelos pretos à distância e embalo-o em sonhos.

Talvez um dia me encha de coragem e lhe diga “Olá” e ele perceba.

Evito olhar nos olhos dos meus vizinhos, tenho um medo aterrador que reparem que vivo sozinha e que me batam à porta para pedir açúcar. Nunca cheguei a comprar açúcar, ponho sempre na lista e esqueço-me sempre, já estou para comprar faz um ano, desde que me mudei para a minha casa.

A minha mãe liga-me todos os dias às 8.30, todas as manhãs desde que tenho memória que a primeira coisa que ouço é – Ainda na cama? És mesmo preguiçosa, saíste ao teu pai. – Um dia, morava ainda no apartamento de duas assoalhadas com ela, levantei-me às 6,45 da manhã, vesti-me silenciosamente e fiquei parada em frente à porta até às 8.30. Ela abre a porta, olha para mim com um ódio feroz e volta a fechar a porta. Nunca me perdoou por lhe ter quebrado a rotina. No dia a seguir, apesar de não ter sono, deixei-me ficar na cama e fingi que dormia.

Farto-me de trabalhar, sou a empregada de escritório mais competente, dizem-me. O advogado para quem trabalho gaba-me todos os dias, -Não sei o que fazia sem ti!

Sou discreta e silenciosa. Ele sabe que minto com perfeição à mulher dele quando, duas vezes por semana, sai para a escapadela com a loira oxigenada e com ar de… Mas quem sou eu para fazer juízos de valor.

Mantive uma relação de 6 meses com um homem casado, com um filho lindo, de caracóis dourados e cara de anjo. Seduzi-o ou… não sei bem, fui seduzida, manipulada, obrigada… não sei dizer não e nunca ninguém se tinha interessado por mim. Na escola, tive uma paixão secreta pelo meu colega de carteira. Estudámos juntos desde a primeira classe até ao 12º ano. Nunca desconfiou. Quando os nossos braços se tocavam acidentalmente durante a Primavera e eu sentia a pele dele a roçar na minha ficava toda arrepiada. Bons tempos…

Levo-me a sair todas as semanas às quartas e sextas. Vou ao cinema. Como pipocas e bebo uma Coca-Cola gigante, de um litro, sempre com cuidado porque não quero incomodar ninguém com o barulho.

A Cátia ligou-me, é a única pessoa que me telefona, limito-me a dizer “hum”, “ai sim” e “não me digas”, acho que ela me deve considerar um psicólogo económico, ouço-a até quase morrer de exaustão e não digo nada de mim, ela não pergunta e sinceramente também não sei o que havia de dizer.

Vou de férias este ano, até aos Açores, é a primeira vez que vou sair do país. Que disparate, é Portugal também, mas vou sair do continente. É ridículo que um vendedor nos faça sentir mal, tive que dizer que ia em negócios, a chata da mulher: - Ah, vai sozinha?

Vou. A viagem é só daqui a um mês, mas já comecei a fazer a mala, camisolas de manga curta, uma camisola de gola alta, não vá estar frio, meias, desodorizante… Quero que seja perfeito.

Voltei a sonhar com o Carlos, não sei se é o nome dele, mas para mim é Carlos.

-Carlos, és tu?

-Sim. Chega-te para lá, estou cheio de frio.

-Tens sempre os pés gelados, mete-os no meio dos meus.

Depois acordo à procura dele e ele nunca está.

Friday, April 27, 2007

Isto é assim!




adoro dizer isso, ih ih

Thursday, April 19, 2007

Porra, mandam-me cada coisa...

"""Se eu te aparecesse em casa 1 da manha, o que farias?
hum......

1. Faziamos sexo?
2. Beijavas-me?
3. Davas-me a mao?
4. Comiamo-nos?
5. Nada?
6. Iamos sair?
7. Mandavas-me embora?
8. Aconchegavas-me?
9. Fumavas cmg?
10. Bebias cmg?
11. Dormias cmg?
12. Convidas-me para sair?
13. Davas o 1o passo?
14. Via-mos um filme juntos?
15. Fazemos um lanchinho?
16. Tomavamos banho juntos?
17. Deixas-me tomar conta do assunto?
18. Deixavas-me amarra-te e dominar-te?

Envia para a tua lista e ve quem esta disposto a fazer certo tipo de coisas ctg... Aparentemente as respostas poderao surpreender-te!
;)"""
Depois de muita divagação descobriu que já não estava no mesmo sítio.

Help!

O que é que deves fazer quando não te apetece fazer nada e tens montes de coisas para tratar??

a) dormir
b) fugir
c) apanhar uma bebedeira
d) fazer amor
e) descascar cebolas
f) comer um gelado
g) mandar alguém fazer por nós
h) fazer alguma coisa
i) fugir para o Brasil
j)gritar: eu sou um cogumelo
k) sair nú de casa
l) pintar a manta
m) lavar os dentes
n) brincar à cabra cega
o)tirar macacos do nariz com uma banana
p)fazer uma careta
q) atirar pedras ao charco
r) comprar um vibrador
s) fazer cozido de peúgas
t) abanar os braços
u)cantarolar o atirei o pau ao gato
v)ir para o Spa
x) abrir um buraco no quintal
y) dizer as palavras ao oirártnoc

Tuesday, April 17, 2007

Concentração

Concentração


Con-cen-tra-cão


Pensa numa coisa de cada vez


Concentra-te

Foca

GRRRRRRRRRR

Bá-bé-bí-bó-bú



Wednesday, April 11, 2007

O rato roeu a rolha da garrafa de rum do rei da Rússia.
Aproveita!
Faz uma viagem e dá uns golitos no rum, como foi o rato que abriu a garrafa ninguém te vai levar a mal e podes sempre dizer que se não fosses tu uma óptima pinga tinha ficado estragada. Não importa se não gostas de rum, uma boa acção para ter validade tem sempre implicito algum sacrifício pessoal.
Se lhe fosse dado a escolher ela optaria por uma atitude optimista. Não hesitou na resposta, foi sim, sim, sim, num tom cada vez mais elevado. Sabia que estava a dormir, sabia que era um sonho e que não havia tal coisa que permitisse mudar o rumo dos seus humores ou do seu humor mais persistente. Estava farta da nostalgia e do pessimismo e por isso o cerebro nessa noite decidiu oferecer-lhe uma prenda. Antes de se deitar tinha feito uma análise introspectiva com uma auto-crítica absolutamente acutilante, por isso estava decidida a mudar o rumo da sua vida num sentido mais lato e abrangente a começar pela maneira como encarava o dia-a-dia. Nem reparou que tinha adormecido, por isso o sonho lhe pareceu tão real, as lágrimas que lhe incharam os olhos e lhe alteraram a respiração mantiveram-se, mas por pouco tempo. Sentiu uma mão a tocar levemente o seu ombro, o que a obrigou a olhar para trás ao mesmo tempo que passava a mão na cara para secar as lágrimas, foi então que a pergunta surgiu e ela respondeu afirmativamente. Mais leve e bem-disposta levantou-se e correu para a casa-de-banho para dar um jeito à maquilhagem que lhe sujava o rosto de preto. Mudou a roupa desleixada que vestira e vestiu a sua melhor roupa. Foi então que uma coisa extraordinária aconteceu, acordou e percebeu que tinha sido um sonho, mas em cima da cadeira do quarto estava a roupa que tinha vestido, com ela saiu de casa e estava tudo igual, com a excepção da vontade.